O suspeito de matar mulher e filho, de 3 meses, em Blumenau, no Vale do Itajaí, disse em depoimento à Polícia Civil que Jéssica “era uma ótima mãe, uma ótima esposa, filha e neta” e que não tinha motivos para matá-la, relatou o delegado responsável pelo caso, Ronnie Esteves. O homem declarou, também, que matou o bebê porque ele dependia muito da mãe.
O investigado foi transferido na sexta-feira (5) após ser preso em São Paulo no final de julho. Ele foi levado para Blumenau após autorização judicial. O g1 não conseguiu contato com a defesa de Kelber.
Jéssica e Théo foram encontrados mortos dentro do apartamento em que moravam. A polícia foi chamada para ir até o local na manhã de 25 de julho e encontrou os corpos das vítimas.
DEPOIMENTO
Antes de falar com o suspeito, a polícia fez um apanhado sobre a história dele, da base familiar e sobre como ele conheceu a esposa. “Ele tinha a questão do vício, da droga. Chegou a parar quando o primeiro filho nasceu, sempre buscando atender a Jéssica”, afirmou o delegado.
Ele, a mulher e os dois filhos, o bebê e um menino de 1 ano e 10 meses, foram morar no apartamento onde aconteceu o crime após o nascimento do filho mais novo. “Ali no dia fatídico, ele vai para a casa do sogro, depois ele passa na casa de um amigo e vai para casa”, relatou o delegado.
O crime foi cometido após Kelber fazer uso de cocaína, conforme Esteves. “Ele [suspeito] fala que deixou a família em casa, comprou a droga, voltou para casa, consumiu essa droga ao lado da Jéssica no sofá”.
A esposa, então, pediu para que ele parasse de usar o entorpecente. Segundo o delegado, ele relatou que ouviu a mulher e jogou um pouco da droga fora. A família tomou banho e foi dormir. O filho mais velho estava deitado junto com o casal, enquanto Théo estava em um berço ao lado.
DURANTE A MADRUGADA, PORÉM, KELBER ACORDOU.
“A Jéssica estava de costas para ele. Ele atacou o pescoço dela, ela dormindo, atacou o pescoço dela e ela veio a desfalecer. Diante daquela cena, ele disse ‘preciso terminar o serviço’. Ele vai até a cozinha, bebe uma água, volta, a Jéssica ainda está deitada na cama. Ele puxa a Jéssica, joga a Jéssica no chão. Ciente que ele precisava, na cabeça dele, terminar o serviço, ele retorna à cozinha, pega uma faca. Ele se abaixa do lado da Jéssica e ali ele passa a faca no pescoço dela”, relatou o delegado.
“Diante daquela situação, ele viu que ele matou a mulher, o Théo acordou e começou a chorar muito e ele ficou desesperado e não sabia o que fazer, o que ele ia fazer com o Théo, um bebê que mamava, que dependia da mãe, e a mãe morta e que ele não ia dar conta”, relatou Esteves.
“Ele resolveu pegar o Théo, colocou no final da cama e ali ele também passou a faca no pescoço do filho”, completou o delegado.
Após o duplo homicídio, ainda conforme o depoimento, Kelber foi até o banheiro e lavou as mãos. Depois pegou o filho de 1 ano e fez uma mala para a criança, com roupas e alimentos. Kelber afirmou à polícia que o menino estava dormindo e não viu a mãe e o irmão serem assassinados.
“Ele pega o carro e vai sentido Bragança Paulista [SP] já, segundo ele, a intenção dele era deixar o filho com a mãe e depois se entregar. Mas depois ele resolveu não mais se entregar, entregou o filho para um amigo, que chamou um advogado e mais uma pessoa, então três pessoas foram até Minas Gerais, deixaram esse filho com a mãe dele e ele foi embora”, continuou o delegado.
“Perguntei se ele estava arrependido, ele disse que sim, que ela não merecia morrer, nem o filho. Ele não sabe, não tem motivo nenhum, ele dizia ‘não tenho motivo nenhum para matar minha mulher, meu filho’. Segundo ele, não sabe por que fez aquilo”, terminou o delegado.
PRISÃO
Kelber havia sido preso na cidade de Paulínia, em São Paulo, pela Polícia Militar. Após chegar a Santa Catarina, ele foi levado ao Presídio Regional de Blumenau.
Apontado pela polícia como autor do duplo assassinato, ele teve a prisão temporária solicitada no dia em que os corpos foram encontrados. Na audiência de custódia, feita na quarta (27), o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a prisão temporária do suspeito e entendeu que os procedimentos para detê-lo foram feitos de forma regular.
O outro filho do casal, um menino de 1 ano e 10 meses, estava desaparecido, mas foi localizado em Minas Gerais com os avós paternos. Em 31 de julho, ele foi entregue aos avós maternos, após uma decisão judicial dar a guarda provisória à família da mãe da criança.
As duas vítimas foram encontradas pela polícia com ferimentos na garganta e, segundo o delegado, uma faca com sangue estava no apartamento.
INVESTIGADO POR OUTRA MORTE
Kelber também é investigado pela morte e ocultação de cadáver de outra mulher em Santa Catarina. Segundo a investigação, a vítima foi encontrada morta em uma área de mata em Gaspar, cidade vizinha a Blumenau, em 23 de abril deste ano. A polícia também informou que ele foi ouvido sobre a morte da vítima e que, inicialmente, negou envolvimento.
“Afirmou que ela passou mal e veio a falecer ainda no interior do motel. Em desespero com a situação, já que sua esposa tinha acabado de dar à luz o segundo filho, ele decidiu se desfazer do corpo”, informou o texto da Polícia Civil.
Informações G1 SC