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Sem pedágio, R$ 2,4 bilhões que concessionárias faturavam vão circular na economia do Paraná

O fim do pedágio mais caro do Brasil após 24 anos de concessões vai possibilitar a circulação de R$ 2,4 bilhões na economia do Paraná durante um ano sem tarifas. O valor corresponde ao faturamento anual somado das seis concessionárias que administravam rodovias no estado.

 

Desde o domingo (28), todas as praças de pedágio no Paraná estão com as cancelas abertas. Os governos estadual e federal ficarão responsáveis pelas rodovias do Anel de Integração sem cobrança de tarifa por pelo menos um ano.

Apesar da redução no custo do transporte, os consumidores não devem ver preços significativamente menores nas prateleiras dos mercados, conforme a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Caminhoneiros autônomos, produtores rurais, estudantes e trabalhadores serão beneficiados com deslocamentos mais baratos, informou a entidade.

Do faturamento das concessionárias, 70% correspondia à movimentação de cargas do agronegócio e da indústria, explica João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep. Segundo ele, os produtos agrícolas, em termos de volume, são os “principais usuários” das rodovias.

Mohr explica que em torno de 50% dos caminhões que rodam as estradas do Paraná transportando essas cargas pertencem a caminhoneiros autônomos. Eles recebem o frete do embarcador que, no caso do agronegócio, é o produtor rural.

“Um dos grandes beneficiados será o caminhoneiro autônomo. Quando ele volta vazio do destino, é dele o pedágio. Então vai sentir muito forte no bolso a sobra desse dinheiro”, afirma o gerente da Fiep.

Por exemplo, o transporte de uma carga de 30 toneladas de frango de Cascavel, no oeste, a Curitiba gerava custo aproximado de R$ 1 mil em pedágio. Se o caminhoneiro voltava vazio, mesmo com os eixos erguidos, gastaria em torno de R$ 600 em pedágio.

Quanto maior o valor agregado do produto, menor é o impacto da tarifa de pedágio. No caso do calcário, que tem Almirante Tamandaré, na Região de Curitiba, como um dos principais produtores, o custo do pedágio tem quase o mesmo valor do produto.

 

PASSAGENS MAIS BARATAS

Com o fim das concessões, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) determinou a redução da tarifa dos ônibus rodoviários e metropolitanos. A maior redução da tarifa nas linhas rodoviárias, segundo o órgão, será de R$ 13,01, no trajeto de Curitiba a Foz do Iguaçu.

No caso do transporte metropolitano, trabalhadores que se deslocam entre cidades que têm praças de pedágio serão beneficiados com a redução. Estudantes também sentirão no bolso o impacto positivo, de acordo com o gerente da Fiep.

“Aquele pessoal da van que transporta estudantes de Mandaguari a Maringá, por exemplo. Todo dia para ir e voltar pagam uns R$ 22. No mês dá R$ 440 que vai voltar para o bolso do estudante”, explica.

 

CUSTO DO PEDÁGIO E MALHA VIÁRIA

O governo estadual estima um período de 12 a 14 meses até que seja feito o leilão que vai decidir as próximas concessionárias que administrarão as rodovias no Paraná. Após a assinatura dos contratos, a promessa é de que as tarifas sejam até 50% mais baratas.

“Então, a economia que vai ter a partir do momento que estiverem cobrando as tarifas novas vai ser de R$ 1,2 bilhão”, afirma o gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep. Ele deixa claro que o setor produtivo defende pedágio com preço justo, visto que o governo não tem condições de bancar as melhorias.

O economista Luiz Antônio Fayet, que integra um grupo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que analisa as concessões no estado, afirma que os paranaenses estavam pagando pedágio quatro vezes mais caro do que deveria ser.

“É por isso que nós temos um grande mercado, vendendo barbaridade e os produtores têm renda precária”, diz. “Além de tudo, nós somos passagem do Paraguai, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Rodovia é a chave do negócio”, explica.

Ele critica a forma como a transição para o período pós concessão está sendo feita. A preocupação, segundo o economista, além dos cuidados com acidentes, é a de que não se pode destruir a malha viária existente no Paraná.

“Não podemos deixar que a malha que temos, embora precária, seja destruída. E não podemos ficar sem assistência e socorro pessoal e mecânico nas rodovias. Um interrupção de rota em ponto crítico pode paralisar a economia. Isso não pode acontecer”, afirma o economista.

Fayet defende que o governo estadual deveria ter fechado acordos para que as concessionárias continuassem prestando assistência nas rodovias após o fim dos contratos. Até agora, o governo fez isso com a Econorte e a Caminhos do Paraná.

Informações G1 PR