Embora tenha aumentado em 49,96% a procura do homem pelo médico entre 2016 e 2020, de acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do Sistema Único de Saúde (SUS), passando de 425 milhões de atendimentos para 637 milhões, os homens estão bem atrás das mulheres em termos de atenção à saúde.
Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 revelam que apesar de 76,2% da população terem ido ao médico naquele ano, o que corresponde a cerca de 160 milhões de pessoas, a proporção de mulheres (82,3%) superou em muito a dos homens (69,4%).
Por isso, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lançou hoje (15), quando se comemora o Dia do Homem no Brasil, campanha de conscientização e valorização dos cuidados com a saúde pelos homens e seus filhos do sexo masculino. A data é celebrada no país desde 1992.
O presidente da SBU, Antonio Carlos Pompeo, ressaltou que a mulher vive em torno de sete a dez anos mais do que o homem, por várias razões, inclusive hormonais, e que a maior atenção dada pelo sexo feminino à saúde vem desde a adolescência. O homem, pela característica machista, muitas vezes considera a ida ao médico como uma fraqueza. Pesquisa feita pela SBU com crianças e jovens estudantes na faixa etária de 12 a 18 anos de idade mostrou que 30% das meninas nessa fase já foram a uma consulta médica, contra 1% dos homens que procuraram o médico para atendimento de avaliação. “É uma coisa gritante”, disse Pompeo.
EFEITOS POSTERIORES
Levantamento feito no ano passado pela SBU com adolescentes masculinos revelou que 44% não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam, ou usam raramente, o preservativo nas relações sexuais. Outra dado de destaque é que 38,57% dos meninos afirmaram não saber sequer colocar o preservativo.
Os reflexos dessa falta de conscientização serão sentidos depois, como a incidência de doenças sexualmente transmissíveis, sexo desprotegido, gestações indesejáveis. “Não existe conscientização por parte dos pais adequada com relação à adolescência”. Pompeo acrescentou que, durante a vida, as mulheres vão regularmente ao médico, de forma preventiva, mas isso não é frequente, entretanto, entre os homens. “Em geral, eles procuram atendimento médico quando estão com sintomas. A mulher vai mais preventivamente”.
Segundo o presidente da SBU, nos últimos anos, graças às campanhas divulgadas na mídia, os homens depois dos 50 anos têm procurado mais o médico, com temor do câncer de próstata. Os especialistas, porém, têm de olhar o homem como um todo, promovendo sua conscientização sobre a importância da saúde. “Os homens vivem menos que as mulheres porque não têm o hábito de cuidar da saúde”.
Antonio Carlos Pompeo destacou que nos anos de 1950, a expectativa de vida de uma pessoa era de 50 a 55 anos de idade. Hoje, é de quase 80 anos. “Mudamos hábitos, surgiram tratamentos mais eficazes, ganhamos 50% de vida a mais”. Por isso, disse ser extremamente importante que o homem procure assistência médica preventivamente. “Porque, preventivamente, você pode detectar uma dessas doenças ou alterações de ordem geral, como diabetes, hipertensão, colesterol, triglicerídeos, tudo que interfere com a nossa vida, e também fazer diagnóstico precoce de doenças que não dão sinal na fase inicial e podem vir a ser curadas”.
CÂNCERES
O câncer de próstata é o tumor mais frequente do homem após os 50 anos de idade e o segundo que mais mata, depois do câncer de pulmão. Mas, se detectado na fase inicial, tem chance de cura. Se, ao contrário, for detectado já em fase de difícil cura, o objetivo do tratamento é controlar a doença. São estimados para este ano 65.840 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
Pompeo afirmou que a ida regular ao médico desde a adolescência previne algumas catástrofes do ponto de vista de câncer. Uma delas é o câncer do pênis que, além de deformar o homem, provoca sua segregação, porque tem mau odor, tem secreção. Aí entra a importância da prevenção, sinalizou o urologista. “O câncer do pênis é o que mais facilmente se faz prevenção com higiene, água e sabão”. O câncer do pênis ainda faz muitas vítimas no Brasil. Entre 2019 e 2020, houve 6.174 diagnósticos da doença e 1.092 desses pacientes tiveram o órgão amputado por buscarem tratamento somente em estágio avançado.
Do mesmo modo, ocorre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV, que pode causar câncer do pênis no homem e câncer de colo de útero na mulher. Pompeo lembrou ainda da fimose (incapacidade de redução do prepúcio com completa exposição da glande), que oferece mais dificuldade ao homem de fazer a higiene correta do pênis e favorece o acúmulo de esmegma, que é a concentração de óleo, sujeira, pele e umidade no órgão sexual. Isso facilita a proliferação de fungos e bactérias, que podem gerar infeções que causam dor, inchaço, mau odor.
Informações EBC