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Carros elétricos: AM sai de cena. Setor de rádio prioriza FM analógico e opções digitais

Audi, BMW, Porsche, Tesla e Volvo já abandonaram o AM. Montadoras alegam incompatibilidade dos modelos elétricos com a faixa

 

Uma reportagem veiculada nesta segunda-feira (11) pelo portal da revista Quatro Rodas, marca especializada no mundo automotivo, repercutiu na indústria de rádio. O motivo? A pauta dizia que as principais montadoras estão abandonando o receptor de rádio AM em seus modelos elétricos. O motivo para essa decisão é o ruído que o motor elétrico causa no áudio de emissoras que transmitem na faixa AM. Na semana passada o tudoradio.com repercutiu a aproximação dos setores automotivo e de rádio para a manutenção da hegemonia do meio entre as opções de mídia disponíveis nos carros. De fato, o AM não estava em destaque na pauta. 

Segundo a reportagem da Quatro Rodas, os modelos elétricos da Audi, BMW, Porsche, Tesla e Volvo já não contam com um rádio AM em seu infoentretenimento há algum tempo. E alguns modelos “híbridos” (elétricos, mas também que usam combustíveis como álcool, gasolina ou diesel) também estão abandonando o receptor AM. 

Na prática, essa informação já não é uma novidade. Os primeiros relatos de interferências do motor na recepção de rádio AM vem de antes da pandemia da Covid-19. Em 2018, foi repercutida a informação de que modelos de carros elétricos estavam abandonando o receptor com faixa AM nos Estados Unidos, em anúncio da Tesla sobre o Chevy Bolt. Na ocasião, a situação causou incômodo, já que em alguns mercados norte-americanos contam com estações AMs de grande audiência, principalmente no formato “all-news” (jornalismo).

Porém, sempre existem alternativas nesses casos: boa parte das estações AMs mais relevantes dos Estados Unidos contam com seu sinal replicado em FM digital, através de canais secundários de estações FMs importantes (a WINS 1010 de Nova York é um desses exemplos, programação que está disponível em HD3 da 102.7 FM). Ou nos últimos anos passaram a contar com uma FM analógica como apoio de suas operações (a KCBS AM 740 de São Francisco é um desses exemplos, operando também em 106.9 FM).

No geral, o AM também tem sido abandonado pela indústria de rádio. No Brasil, há a migração para a faixa FM, em processo iniciado oficialmente a partir de 2013 e que apenas em 2021 chegou a centros como São Paulo. A reportagem da Quatro Rodas menciona essa ida das AMs brasileiras para a faixa FM analógica.

Já no exemplo europeu no artigo “O rádio de carro sem dial FM”, há sim um dial AM disponível (veja a imagem abaixo). E o veículo em questão era um novo modelo híbrido da KIA (carro elétrico, com opção de uso com combustível). Porém, no local em que a reportagem do portal teve acesso ao veículo, não haviam estações de rádios AMs disponíveis para fazer o teste de interferência do motor elétrico no som da emissora.

De qualquer forma, o setor de rádio tem se aproximado das montadoras para manter sua grande relevância em automóveis. E os resultados têm sido satisfatórios nos principais mercados do mundo, com as emissoras de rádio liderando entre todos os formatos de mídia disponíveis em veículos. Mas o esforço é relacionado ao FM analógico, rádio digital (DAB+ na Europa, por exemplo) e em soluções híbridas, que misturam a transmissão terrestre de rádio com o streaming de áudio (e seus dados conectados).

Informações ACAERT Repórter e Foto: Tudorádio.com