Agricultura

À beira da falência, suinocultores convocam mobilização nacional e distribuem carne gratuita a população

Sem alternativas para conter o alto custo de produção e a desvalorização do quilo do suíno vivo, produtores uniram forças para promover um grande manifesto na próxima terça-feira (29), na Praça Padre Roer, em frente à Igreja Matriz em Braço do Norte, com início às 9h30. Na ocasião, será distribuída carne suína gratuitamente para a população.

 

O intuito do ato pacífico é mostrar a desvalorização do trabalhador rural que não tem seu produto valorizado de forma justa. Além disso, a mobilização visa tornar público a indiferença política diante das demandas urgentes do setor. Por fim, a distribuição de carne suína visa incentivar as pessoas a consumirem mais a proteína.

Toda a manifestação terá transmissão ao vivo pelo perfil oficial da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) no Facebook e também pelo portal de notícias (www.accs.org.br).

Conforme levantamento da ACCS, o prejuízo atual do suinocultor independente passa dos R$ 300,00 por animal vendido. Hoje, o preço pago pelo quilo do suíno vivo é de R$ 5,00 e o custo de produção passa dos R$ 8,00. Esse cenário desesperador ocorre em meio aos recordes de exportação da carne suína e da lucratividade em ascensão das maiores agroindústrias do Brasil.

Para o manifesto do dia 29, mais de 100 suínos foram doados por suinocultores de todas as regiões produtivas, entidades representativas e parceiros do setor. Agora, o objetivo das lideranças do movimento é mobilizar outros Estados para que abracem a causa e mobilizem protestos em suas regiões. Não está descartada uma grande mobilização em Brasília.

“Esperamos que todas as associações estaduais filiadas à Associação Brasileira de Criadores de Suínos se juntem a nós e promovam um ato semelhante. Apesar da suinocultura estar em um bom momento nas exportações, gerando riqueza para ao Brasil, por outro lado o suinocultor está quebrando dentro da granja. A situação está insustentável. Nossos políticos precisam viabilizar os pleitos já apresentados, mas no dia 29 vamos tornar público novamente as nossas demandas. Todas as entidades da suinocultura brasileira estão convocadas para fazer esse movimento”, enfatiza o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi.

O ato é organizado pela Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), juntamente com o Núcleo Regional de suinocultores de Braço do Norte e região, além do Sindicato Rural de Braço do Norte e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

“A situação é de desespero. Estão todos endividados, o preço dos insumos está nas alturas e não há previsão de baixa no valor do milho e da soja. Sabemos que o mercado trabalha com a lei da oferta e da procura. Mas no momento não há como esperar. Os governos, federal e estadual precisam agir e adotar medidas paliativas. É isso ou amargar a falência de muitos negócios e famílias que dependem desta atividade”, declara o secretário de agricultura do município de Braço do Norte, Adir Engel.
 

A DEFINIÇÃO POR BRAÇO DO NORTE
 
A região tem a maior concentração de suinocultores independentes de Santa Cataria. Somente em Braço do Norte, existem pelo menos 27 estabelecimentos ligados à cadeia da suinocultura. Conforme Adir, se a crise continuar e 50% deles fechar, o impacto econômico no município pode gerar um revés muito maior do que se imagina.

Na segunda-feira, a notícia extraoficial de que o Governo do Estado pretende aumentar o ICMS para 12% sobre a carne suína, gerou ainda mais preocupação, sendo que hoje está em 7% de ICMS. Além de inviabilizar a produção, a alta poderá gerar um incremento de 5% sobre a cesta básica, pois este percentual é o mesmo para outras culturas, como arroz, feijão e outros insumos que compõem a alimentação mais básica da população.

“Não se trata apenas da sobrevivência dos suinocultores, mas da população. Por isso iremos levar este manifesto para praça pública, literalmente, pois todos precisam ser alertados”, antecipa Adir Engel.

Informações e foto ACCS