Atendendo a um requerimento do deputado José Milton Scheffer (PP), a Comissão de Agricultura e Política Rural realizou na manhã desta quarta-feira (22), uma reunião para tratar das medidas que vêm sendo adotadas para prevenir a chegada da influenza aviária em Santa Catarina. O debate contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura e Pesca, Valdir Colatto, de representantes de órgãos ambientais e de desenvolvimento agropecuário, de entidades ligadas ao agronegócio e de lideranças municipais.
Na abertura, Scheffer afirmou que a motivação para a reunião partiu da informação de que focos da influenza aviária foram registrados a 150 quilômetros da fronteira do Brasil com o Uruguai e que se a doença chegar a Santa Catarina poderá causar grandes prejuízos ao estado, não só pelos 150 mil empregos que o setor mantém localmente, mas também pela possível contaminação de pessoas.
“A influenza aviária nos preocupa muito, não só economicamente, mas sanitariamente. Se perdermos mercados internacionais o primeiro penalizado será o produtor, que está lá nos pequenos municípios. Então isso nos preocupa muito aqui na Assembleia Legislativa e precisamos saber quais ações estão previstas, quais estratégias o Ministério da Agricultura vem desenvolvendo.”
Em resposta, Valdir Colatto afirmou que nesta terça-feira (21) foi realizada uma reunião abordando o tema e que o governador Jorginho Mello (PL) viajou a Brasília para tratar, junto ao Ministério da Agricultura e da Pesca, de algumas ações que poderiam ser feitas para evitar a propagação do vírus no Brasil. A ideia do governo é que as medidas sejam implementadas em conjunto com os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, que também são grandes produtores de aves de abate.
No âmbito da Secretaria da Agricultura, acrescentou Collato, uma das primeiras ações implementadas é o monitoramento da circulação de aves no estado. “Nós estamos trabalhando forte, já tomamos algumas medidas envolvendo, inclusive, o Instituto do Meio Ambiente na questão das aves migratórias e a proibição da circulação de pássaros em torneios, exposições, feiras e outras atividades, prevendo a máxima contenção possível. O mesmo para as aves domésticas e aves de criação de quintal, para que tomem todos os cuidados necessários.”
CENÁRIO PREOCUPANTE
Presente à reunião, representantes da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) confirmaram a importância do monitoramento de animais silvestres para frear o alastramento da doença.
Segundo a presidente da entidade, Celles Regina de Matos, a doença está sendo trazida para a região pelas aves que todos os anos chegam, por migração, da América do Norte, onde a doença está alastrada. “A situação atual, agora em março, é que só temos o Brasil e o Paraguai sem a influenza aviária, então todo o nosso trabalho consiste em não deixar que ela entre no estado e, se entrar, temos que sanear esses focos para que sejam no número mínimo possível.”
De acordo com o diretor de Defesa Agropecuária da Cidasc, Diego Torres Severo, somente nos Estados Unidos 53 milhões de aves tiveram que ser abatidas recentemente em função da doença, ocasionando a escassez no mercado de produtos como carne de peru e ovos de galinha.
A Cidasc avalia que, caso chegue ao Brasil, a influenza aviária poderá causar prejuízo semelhante, tendo em vista que o país é o segundo maior produtor mundial de aves, atrás apenas dos Estados Unidos. E este cenário poderá ser especialmente danoso para Santa Catarina, no qual a avicultura comercial contribui com parcela significativa da produção econômica local. Os números apresentados dão conta que, somente em 2022, foram exportados pelo estado 1 milhão de toneladas de carne de aves, com receita de 2,2 bilhões de dólares. Sozinho, o segmento representa a principal fonte de renda em 6,5 mil propriedades rurais catarinenses.
MEDIDAS IMPLEMENTADAS
Em sua explanação, o diretor de Defesa Agropecuária da Cidasc também apresentou as principais medidas que estão implementadas pelo Ministério da Agricultura e os órgãos de defesa sanitária de Santa Catarina para a prevenção à propagação da influenza aviária.
Ele citou especialmente o Plano Nacional de Vigilância para Influenza e Doença de Newcastle, desenvolvido de forma contínua há mais de 10 anos para monitorar a presença do vírus influenza no país, por meio da fiscalização de estabelecimentos de produção e comercialização de aves e também o monitoramento da circulação de animais, produtos e subprodutos. “É importante salientar que nós já trabalhamos muito essa questão. O Ministério da Agricultura já vem desde 2012 com um trabalho muito forte, nós temos todas as nossas granjas avícolas comerciais cadastradas na Cidasc e georreferenciadas, com um nível de biossegurança bastante alto.”
Outra ação de caráter preventivo foi a realização, em novembro de 2022, de um simulado para emergências sanitárias, que contou com a capacitação de mais de 200 profissionais, de diversas áreas. “Nós criamos uma situação hipotética de um foco dentro do estado de Santa Catarina e foram colocadas essas 200 pessoas para testar um plano de contingência que o Ministério da Agricultura publicou. Foi testado e altamente aprovado por todos os participantes, incluindo Defesa Civil, polícias Civil, Militar e Ambiental, bombeiros e prefeitura municipal de Presidente Getúlio.”
Em outro ponto, Diego Torres Severo afirmou que a Cidasc também tem produzido materiais informativos e realizado campanhas de conscientização para alertar a sociedade sobre cuidados a serem tomados para prevenir a propagação da influenza. “Essa doença vem pelo ar, vem das aves migratórias, então a gente tem que atuar na educação sanitária, para conscientizar a população sobre os riscos e prejuízos ao estado, caso a doença adentre Santa Catarina.”
Informações Alexandre Back