Em 2021, iniciei com satisfação, saúde e energia meu quarto mandato na presidência da Alfa. Devo isso à confiança dos cooperados. Um inegável desafio é a sucessão nos ambientes empresariais, sejam urbanos ou agrícolas. Todos são (- e somos – ) bastante úteis e eficientes, mas precisamos preparar as trocas com competência, olhando mais para a perpetuação do projeto Alfa, do que para nossas vontades individuais.
Vivemos uma era de forte impacto digital na gestão, nas ações comercias, de marketing e comunicação. Pessoas mais jovens e especializadas estão no nosso radar, pela facilidade com que dominam tais tecnologias, porém, precisamos não pestanejar em relação aos nossos valores, nossa essência e identidade, e essa remoldagem precisa da ajuda e vigilância dos mais experientes. A modernidade é necessária e volatiliza rápido; a sucessão não pode ser afoita, mas é necessário avançar.
Se, de um lado caminha veloz o comportamento cibernético, incluindo a base agrícola, não vejo que vá morrer o relacionamento “olho no olho”. A assistência técnica, a conversa, o pós-venda, o contato, a transferência de conhecimento, certamente continuarão vivos. Sem isso, deixaremos de ser cooperativa e vamos perder negócios. Percebo que o futuro das transações mercantis terá a simbiose como regra, ora internet, ora presencial.
Em 2021, se esperava uma ´gelada´ na pandemia e deu ao contrário, gerando intranquilidade. Outro ponto absurdo e ridículo é a guerra ideológica que se estabeleceu no país. Em vez de a classe política pensar a nação, algumas alas sonham tão somente com o poder, sem contar a vergonhosa tendenciosidade noticiosa em alguns veículos midiáticos.
No ambiente econômico, a volatilidade cambial desarma qualquer planejamento. A proteína animal, por exemplo, teve exponencial aumento de custo produtivo e esses preços não estão sendo repassados ao consumidor interno, pela depressão de renda, sobretudo nas camadas mais sensíveis da população. No mercado exportador, ficar na mão de poucos compradores, também é ato de alto risco, como aconteceu com a suspensão temporária da China à nossa carne suína.
Por fim, reconhecemos que o modelo cooperativo catarinense se tornou bastante forte, um exemplo nacional. Noutro ângulo, diante de um cenário em que grandes grupos econômicos se agigantam a cada dia, será que, se não nos unirmos cada vez mais, faremos frente a determinados ataques de monopólios? Quem sabe, muito em breve, tenhamos que redesenhar, de forma coletiva, as plataformas de negócios, barateando custos de todos, inclusive logísticos. Ao que parece, as multinacionais, ao trocarem conhecimentos com seus pares, estão achando caminhos para serem mais competitivas. E nós? Estamos dispostos a enfrentar esse debate?
Feliz Dia Internacional do Cooperativismo a você, festejado neste sábado dia 03 de julho.
Por Romeo Bet, presidente da Cooperalfa e secretário do Conselho de Administração da Aurora Alimentos